quarta-feira, 30 de março de 2011

Cantinho da leitura...

Morro dos Ventos Uivantes
Estou indicando esse livro porque foi o último livro que li e simplesmente me apaixonei pela leitura. A narrativa de Brontë é rica, envolvente, e geralmente, deprimente. Sua descrição é impecável e dotada de uma precisão surpreendente.

O clássico foi publicado pela editora Lua de Papel em uma edição especial para agradar aos leitores da saga Crepúsculo. Mas digo desde já que não há qualquer afinidade entre as obras. A associação feita dá a entender que “O Morro dos Ventos Uivantes” e “Crepúsculo” são obras de gêneros similares, o que não são. A editora está de certa forma, colocando a obra de Meyer como algo maior que a obra de Brontê. Como se o livro devesse ser lido não por ser uma grande obra, mas por ser o livro preferido de Isabella Swan e Edward Cullen da série Crepúsculo. A narrativa é completamente diferente, é mais lenta e com a linguagem arcaica da época. A obra criada por Emily é um trabalho de maior qualidade e dificuldade que Crepúsculo.

Agora voltando ao assunto porque eu me empolguei aqui com minha indignação. Em "O Morro dos Ventos Uivantes" Emily Brontë narra a história da rixa entre famílias que ocupam os terrenos do Morro dos Ventos Uivantes e a Granja dos Tordos, história reavivada pelo fantasma de um dos personagens principais dessa história.

Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança.

O livro retrata a história de Catherine, uma menina vaidosa e caprichosa que rejeita Heathcliff por causa de suas diferenças de classe e educação. Devido a todos os preconceitos, Heathcliff está repleto de ódio e ressentimento, apesar da grande bondade do Sr. Earnshaw tê-lo livrado literalmente das ruas.
Depois de se sentir brutalmente discriminado, Heathcliff tem como objetivo vingar-se de todos aqueles que o maltrataram ou permaneceram no caminho de sua relação com Catherine. Sua necessidade de vingança não enfraquece e continua na geração seguinte, incluindo a filha de Catherine e o seu próprio filho. Mas se ele irá ou não ser bem sucedido... Deixo para você leitor descobrir!

"- Verá que ele não é tão fácil de convencer como pensa; além disso, e sem querer me arvorar em juiz, parece-me que essa é de todas a pior razão para se tornar esposa do jovem Linton.
- Não é nada - retorquiu Catherine- É ao contrário, a melhor de todas! As outras eram só para satisfazer os meus caprichos, e também os do Edgar... para ele ficar contente. E esta é por uma pessoa que congrega em si tantos os meus sentimentos pelo Edgar como os que nutro por mim mesma. Não sei como explicar, mas certamente que tu e toda a gente têm a noção de que existe, ou deveria existir, um outro ‘eu’ para além de nós próprios. Para que serviria eu ter sido criada se apenas me resumisse a isto? Os meus grandes desgostos neste mundo foram os desgostos de Heathcliff, e eu acompanhei e senti cada um deles desde o início; é ele que me mantém viva. Se tudo o mais perecesse e ‘ele’ ficasse, eu continuaria, mesmo assim, a existir; e, se tudo o mais ficasse e ele fosse aniquilado, o universo se tornaria para mim uma vastidão desconhecida, a que eu não teria a sensação de pertencer. O meu amor pelo Linton é como a folhagem dos bosques: irá se transformar com o tempo sei disso, como as árvores se transformam com o inverno. Mas o meu amor por Heathcliff é como as penedias que nos sustentam: podem não ser um deleite para os olhos, mas são imprescindíveis. Nelly, eu sou o Heathcliff. Ele está sempre, sempre, no meu pensamento. Não por prazer, tal como eu não sou um prazer para mim própria, mas como parte de mim mesma, como eu própria. Portanto, não volte a falar na nossa separação, pois é algo de impraticável, e..."

[...]

“- Pois que desperte em tormento! – bradou ele com assustadora veemência, batendo o pé e soltando um grito, num súbito paroxismo de cólera incontrolada. – Por que ela mentiu até o fim? Onde está ela? Não está aqui, nem no céu, nem morta! Onde está então? Oh! Disseste que não te importavas que eu sofresse! Pois o que eu te digo agora, vou repetir até que minha língua paralise: Catherine Earnshaw, enquanto eu viver não descansarás em paz! Disseste que te matei. Pois então assombra-me a existência! Os assassinados costumam assombrar a vida dos seus assassinos, e eu tenho certeza de que os espíritos andam pela terra. Toma a forma que quiseres, mas vem para junto de mim e me enlouquece! Não me deixes s, neste abismo onde não te encontro! Oh! Meu Deus! É indescritível a dor que sinto! Como posso eu viver sem a minha vida?! Como eu posso viver sem a minha alma?!”


O livro é denso do início ao fim! Emily Brontë criou uma obra prima que deixa qualquer leitor pasmado com os sentimentos violentos dos personagens ali descritas. Como são perversos uns com os outros e o quão duro e impiedoso é o coração de Heathcliff... Talvez se ele tivesse sido criado de outra forma seu temperamento e comportamento poderia ser completamente diferente.

Quantos Heathcliff ainda estão espalhados pelo mundo?
Apesar de essa obra ter sido escrita em 1847, ela é completamente atual. Ainda hoje são notórios os mesmos problemas existentes naquela época. Só que atualmente, mesmo com avanços educacionais e sociais, ainda estamos ligados a sentimentos retrógrados como é o caso da hipocrisia e do preconceito.

Este livro é um clássico que deveria fazer parte de todas as estantes daqueles leitores ávidos por leitura e que apreciam uma história de amor que extrapola todos os limites além da dor e da morte!
 O MORRO DOS VENTOS UIVANTES
Emily Brontë
Editora: Lua de papel

 Por Emme V. Lupin

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